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O QUE É HISTÓRIA - RESENHA
Por.: Antonio Marcos Ribeiro

A obra de Vavy Pacheco Borges é um dessas bibliografias básicas de leitura obrigatória nos círculos das Ciências Humanas principalmente nos cursos de História. Tem como função dar uma visão geral da disciplina de como foi construída e concebida. Sugere esboçar um traçado desde as origens até os problemas atuais no momento em que o livro foi produzido, na década de 80. Elucidando as implicações que se deram na produção do conhecimento histórico. O sentido do livro é dá uma fundamentação mesmo que brevemente, sem um maior aprofundamento, da história da história. Uma proposta de teorização do seu conhecimento de como foi concebida desde sua fundação. O livro se divide em três capítulos didaticamente distribuídos: História da história, a história hoje em dia e a história no Brasil. Em seguida uma síntese de seu conteúdo.

A história da história

  • A primeira forma de conceber uma explicação da realidade foi através do mito. Hecateu de Mileto no século V resolve dar explicações sobre a realidade depurando os fatos dos mitos. No sentido de procurar a verdade. A história vai estar alijada a filosofia considerada mãe de todas as ciências.
  • Heródoto vai ser considerado pai da História por empregar a palavra no sentido de investigação, pesquisa. Para “impedir que as ações realizadas pelos homens se apaguem com o tempo”.
  • A história surge no século VI na Grécia quando a palavra é associada a investigação/informação. Ou seja, conhecimento por meio da indagação. As fontes mais utilizadas nessa época por Heródoto eram as fontes orais utilizadas para cobrir as guerras médicas. Sua escrita seria de cunho memorialístico apoiado em relatos ouvidos.

  • Tucídides considerava a ação humana como resultado das condições de vida individuais sua história seria mais realista e crítica. Cobriu a guerra do Peloponeso. E os dois estão ligados a uma história imediata.
  • Políbio historiador romano vai procurar o rigor da descrição histórica. Escreve sobre a ascensão do Império.
  • Na dita Idade Média a história teológica é conduzida ainda de forma linear “segundo o plano da providência divina”. Com a realidade dividida em plano superior e inferior. Essa ideia é delineada no livro Cidade de Deus de Santo Agostinho.
  • “O cristianismo é uma religião eminentemente histórica”. A Igreja é depositária da instrução, dos escritos e das fontes oficiais.
  • As perspectivas históricas mudam com o advento da modernidade onde o conhecimento parte de uma explicação da razão. Os antiquários vão se multiplicar e juntamente as técnicas para fornecer critica a documentação e consequentemente interpretação histórica.
  • Com o iluminismo e ascensão da burguesia do século XVIII vão estimular “o interesse pelo estudo de sua história nacional. Surgem inúmeras sociedades de pesquisa, governamental ou particulares”.
  • É na Alemanha, na Escola Científica Alemã, de Leopold Ranke que nascerá a preocupação de transformar a história em uma ciência, sob influência do positivismo. Tomando emprestado métodos utilizados nas ciências naturais. A escrita dessa escola contempla os feitos políticos, dinastias, batalhas e tratados diplomáticos.
  • Hegel irá inaugurar a dialética com suas leis da tese, antítese e síntese. Onde mostra que “a primazia fundamental das ideias do homem em relação a realidade e ao desenvolvimento do processo histórico” passa por uma evolução dialética e não pela razão absoluta.
  • Ainda no século XIX surge o materialismo histórico/dialético onde Marx e Engels propõe uma nova teoria onde a realidade é explicada a partir das “condições materiais e as relações entre homens, que esta condicionam”.
  • No inicio do século XX a Escola Francesa ou Escola dos Analles através de Marc Bloch e Lucien Febvre começa uma produção interdisciplinar voltada para uma história “vista de baixo” rompendo com o positivismo rankeano e abrindo um leque para inúmeras fontes e perspectivas de temas.
  • Após a Segunda Guerra Mundial teóricos vão colocar em xeque a posição da Europa para o resto do mundo e suas explicações da história “em função da história da civilização ocidental”. Outras partes do globo seriam importantes para explicar o mundo.

Heródoto considerado Pai da História.

A história, hoje em dia

  • A história está basicamente ligada em desvendar os acontecimentos históricos, o que se chama de história-acontecimento focando o homem como um ser social que transforma e se transforma ao longo do tempo. A sua caminhada é o que se chama de processo histórico.
  • “A função da história foi de fornecer à sociedade uma explicação de suas origens”. Sua dimensão na sociedade. O tempo vai ser o fator chave dentro das análises históricas.
  • A linha do tempo não é constante e nem progressiva dentro do desenvolvimento da história humana. Pois dentro desse processo há rupturas, permanências, rasuras que “alteram toda uma forma de viver da sociedade”.
  • A entidade história não existe. A história na verdade é um discurso, uma narrativa escrita com critérios pré-definidos respondendo a uma problemática atual. Boa parte dos historiadores não crê numa história-síntese até porque não se pode apreender “toda história”.
  • Mesmo se escrevendo uma história do presente quer dizer, “sobre indagações e problemas contemporâneos ao historiador”. “A história é filha do seu tempo”, já dizia Braudel. E sua ligação com o futuro toca nas tendências, possibilidades e probabilidades tão somente.
  • As pesquisas sempre tocam três níveis inter-relacionados: econômico, político e ideológico. “Só se pode conhecer uma realidade do passado através do que dela ficou registrado e documentado para a posteridade”. O trabalho do historiador é pesquisar a partir dos fatos reais comprovando concretamente.
  • “Tudo que se diz ou escreve, tudo quanto se produz e se fabrica pode ser um documento histórico”. O seu trabalho é que vai dizer que documentos irão precisar para a relevância de sua pesquisa.
  • Se não houver uma problematização apenas descrevendo fatos isso não é historiar. “Em história todas as conclusões são provisórias, pois podem ser aprofundadas e revistas por trabalhos posteriores”.
A persistência da memória, Salvador Dalí.

A história no Brasil

  • A história oficial geralmente está associada ao Estado. Grande parte da história do nosso país foi produzida nesse âmbito. E o seu valor deve ser avaliado dentro do contexto em que foi produzido.
  • Por muito tempo a história no Brasil foi conservadora, etnocêntrica e maniqueísta. A primeira escrita sofreu o romantismo histórico do século XIX.
  • O revisionismo tenta reverter essa tendência que se perpetuou através do ensino de história nas escolas que era memorizador, positivista e de decoração de fatos sobre fatos.
  • Existe uma discrepância entre a história escrita atualmente e o momento que é transmitido nas escolas. As universidades se fecham as informações inovadoras de suas pesquisas, enquanto as escolas convivem com informações desatualizadas. Isso faz com que as novas informações só cheguem tardiamente pela falta de sintonia entre universidade e escola.
  • A história na verdade nunca deveria ficar só no circulo dos historiadores, afinal todos somos produtos da história.
Sendo um livro muito elucidativo precisa ser atualizado dentro das novas tendências e debates da atualidade. Apesar disso não deixa de ter os seus méritos o conhecimento da realidade não está de todo pronto e acabado como deixa claro a autora. Também não é o ponto final nas discussões sobre historiografia, teoria e métodos. Na verdade se trata de uma breve síntese que leve o leitor a leituras mais profundas, um aperitivo para os iniciantes nessa jornada histórica. Por isso no final indicações de leituras mais aprofundadas que seriam importantes o leitor se ater.

BIBLIOGRAFIA:
BORGES, Vavy Pacheco Broges. O que é história. 14ª ed. São Paulo: editora Brasiliense, 1989. (Coleção primeiros passos).





1 comentários:

Amanda Karla disse...

ótimo texto..me ajudou bastante..hoje tenho prova justamente sobre o tema do livro...Valeus!

DESCRIÇÃO-AQUI.