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Os sábios também amam: um ensaio sobre
Eros e os homens

Por.: Izac Santos Evangelista

Muita gente ainda vê os filósofos, os grandes pensadores, como pessoas frias, excessivamente sérias, fechadas; seres insensíveis. Como sujeitos que parecem não se importar, ou mesmo, não serem eles afetados pelos desejos, emoções e sentimentos aos quais nós, “meros mortais”, estamos.

            Ao longo da História essa visão estereotipada acerca dos grandes pensadores tem sido difundida, sobretudo, no senso comum. Levando, inclusive, muita gente a ter certa aversão ao pensamento teórico, filosófico, no que se refere às questões da nossa vivência cotidiana. Bem, este é um grande equívoco.

            Todo pensador(a), antes de mais nada, é humano. E assim, sabe que tudo que é humano torna-se necessariamente objeto de reflexão, de estudo. Os gregos, por exemplo, considerados como “pais” do pensamento ocidental, acreditavam que para responder a simples – porém dificílima – questão: quem é você? Existiriam três maneiras: sentindo, conhecendo e amando.

            Amando? Sim, amando. O amor, este que é o sentimento mais sublime cantado pelos poetas, é parte constituinte do nosso self, da nossa identidade. Desse modo, parte fundamental da nossa história enquanto civilização. Se é assim, este pode ser pensado, tanto poética e filosoficamente, quanto historicamente.

            O grande mestre da nouvelle histoire [nova história], Lucien Febvre, convocava os historiadores a atentarem para questões aparentemente banais, colocadas em segundo e terceiro plano pelo cientificismo do século XIX; questões como a morte, o medo, o amor. E alguns historiadores deram ouvido à reclamação do mestre francês.

            Na segunda metade do século passado no campo da historiografia surgiu uma nova modalidade de estudo, a história das mentalidades. Este gênero histórico passou a se ocupar com o estudo de temas até então, vistos como irrelevantes, temas que faziam parte do cotidiano das pessoas e que Febvre defendia ser de grande importância.

            Uma das primeiras pessoas a trabalhar com a história das mentalidades no Brasil, foi a professora brasileira Mary Del Priore. Não é à-toa, que recentemente ela lançou um livro no qual faz um interessante estudo sobre “A história do amor no Brasil”. Nele ela procura abordar a concepção do amor desde o período colonial, passando pelo séc. XIX, chegando finalmente aos momentos de grandes mudanças comportamentais que marcaram o mundo na Era dos Extremos [séc. XX]. 

            Ora, se é possível pensar historicamente o amor é também passeando pelos jardins da história - que alguns consideram como a grande mestra da vida [historia vitae magistra] - que podemos constatar que os sábios também amam. E não apenas amam, mas se importam fundamentalmente em refletir sobre ele.

            Convido você amado(a) leitor(a), a acompanhar-me numa breve reflexão acerca do amor na vida e obra de alguns dos mais conhecidos pensadores e pensadoras da nossa História. E seguindo a lógica do amor - no qual é preciso dar para receber - peço-te gentilmente um pouco de tempo e atenção, certo de que também compartilharei algo. Afinal, há uma relação afetiva entre o escritor e o leitor.

            Escrever é também uma arte de sedução. Quem escreve precisa seduzir aquele que lê através das suas palavras, enquanto que o leitor, deve escolher se vai além do flerte inicial e se entrega a um momento de deleite com o mundo das letras. Como disse Rubem Alves: “ler é fazer amor com as palavras.”  

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