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Os sábios também amam: um ensaio sobre
Eros e os homens
Por.: Izac Santos Evangelista

Conclusão: Os sábios só são sábios porque amam

            Seja no materialista Marx, no cristão medievalista Agostinho, ou nos contemporâneos Heidegger e Hannah Arendt, o amor é algo fundamental. Para alguns, um sentimento universal, que visa á plenitude - “só pelo amor o homem se realiza plenamente”, disse Platão. Para outros, algo de caráter metafísico, capaz de ir além dos lapsos momentâneos que constituem nossa breve existência, nos trazendo gozo: “O amor é a alegria acompanhada da ideia de uma causa exterior,” afirmou o apóstolo da razão, Espinosa.

            Mas uma coisa é certa, todos amam e querem ser amados. E, se é bom amar, é também maravilhoso sentir-se amado. Não é por acaso que o poeta anseia que “todos os dias do ano, todos os dias da vida, de meia em meia hora, de 5 em 5 minutos, me digas: Eu te amo.” [Drummond; Quero]

            Como bem soube  Marx, nós nascemos para viver em sociedade. Certamente o amor nos ajudar a escapar de la  solitudine. E ainda que a solidão também seja necessária para termos momentos de reflexão e produção, ninguém pode ser plenamente feliz vivendo só. Freud diagnosticou o problema do narcisismo - pessoas que só querem ser amadas e não amar -  que, na maioria dos casos, não passam de sujeitos que não sabem lidar com a frustração. Não amam, porque tem medo de perder o que gostam. 

            No amor é preciso correr riscos. Não é questão de agirmos de modo inconsequente – a paixão, esta sim!é em grande medida irracional -. Amar, por sua vez, é também uma atitude que exige extrema racionalidade e que nos coloca diante de muitos dos nossos medos: “Temo-te quando estás próxima, amo-te quando estás longe”, disse Nietzsche pela boca do Zaratustra.

            Não me parece lúcido cair no niilismo pós-moderno que invade as relações humanas. Contudo, não podemos moralizar em demasia a questão, nem seguir pela linha do romantismo idealista que na nossa cultura quer ver o amor como algo apoteótico. Gikovate (2010) define o amor como “o sentimento que se tem pela outra pessoa cuja presença provoca na gente a sensação de paz e aconchego, tranqüilidade e completude que nos falta quando estamos só”.
            Se for assim, lembremos das palavras do nosso grande aedo*: “é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”. E seguindo o exemplo dos grandes pensadores, vamos refletir sobre o amor, e sobretudo, VAMOS AMAR. Afinal, a questão talvez, não seja a de que os sábios também amam, mas sim, de que estes só foram sábios porque amaram.       


Referências

GIKOVATE, Flavio. A separação dos amantes. Palestra ao programa: Café Filosófico, da TV Cultura, 2010. Disponível em: http://cafesfilosoficos.wordpress.com/2010/10/14/a-separacao-dos-amantes/#more-3898

KONDER, Leandro. Marx e o amor. In: O Marxismo na Batalha das ideias. 2.ed. – São Paulo: Expressão Popular, 2009; p. 93-102.

_____________________. Marx - vida e obra. São Paulo: Paz e Terra, 1999. 

PERROT, Michelle. As mulheres ou os silêncios da história. Bauru, SP: EDUSC, 2005.

SILVEIRA, Paulo Henrique Fernandes. Amor sem fim.  Filosofia, São Paulo,  ano III, n. 35, p. 18-28, 2009.  
            

* Como eram chamados os poetas e cantores  na Grécia Antiga.

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