Por.: Antonio Marcos Ribeiro
Graduação em História
UNEB/Campus XIII
A obra “Manifesto do Partido Comunista”, de Karl Mark e
Friderich Engels, propõe ser a “arma” ideológica da classe proletária tendo
como pano de fundo o antagonismo entre comunismo e capitalismo. Um documento
histórico que aglutina múltiplas ideias desde a ferrenha crítica ao sistema
econômico predominante, o esclarecimento do que venha ser o comunismo e a
conclamação para que a classe operária lutasse contra a opressão. Quando se diz
no primeiro parágrafo da obra “um espectro ronda a Europa - o espectro do
comunismo” inicia a chamada para o “combate contra a exploração e derrubada
contra a supremacia burguesa, [e] conquista do poder político pelo
proletariado”.
A estrutura do livreto fundador do marxismo, de domínio
público, é basicamente dividida em introdução, três capítulos e uma conclusão.
Configura-se um panfleto de pouco mais de cinquenta páginas onde a cada edição
acrescenta-se um prefácio ora esclarecendo alguns pontos controversos, ora
apresentando a obra ao público em geral. O seu valor está nas entrelinhas onde
desencadeia uma série de saberes necessários onde o debate e a discussão gera
um senso crítico capaz de despertar o sujeito para a sua utilidade política
protagonista de sua própria transformação.
O primeiro capítulo argumenta sobre como se organiza as
relações de trabalho e as tensões oriundas da luta de classes historicamente
constituídas. Segundo as interpretações de Mark e Engels a história do mundo é
a história da luta de classes que a mesma está dividida em dois grupos
antagônicos empenhados numa oposição constante. Elucida que a burguesia é
responsável pelo controle dos meios de produção empregando o trabalho
assalariado onde dessa forma detém seus interesses e situação econômica. Que a
conjuntura atual não amenizou as tensões ao contrário ficou mais acentuado, a
opressão tomou nova forma e consequentemente novas condições de luta. Dessa
forma a obra torna-se atual em qualquer época pela constante e historicamente
luta de classes.
É dado a contextualidade desde os primórdios do acumulo
primitivo de capital passando por civilizações antigas e ligando os quatro
continentes Europa, África, Ásia e América dentro da exploração e colonização
dando uma visão panorâmica sobre as transformações oriundas da ação econômica.
Numa progressão cada vez mais dividida em dois grandes blocos: burguesia e
proletariado. Ressalta-se que essas concepções e transformações não foram assim
dadas naturalmente, ou de forma rápida, mas por processo longo de
desenvolvimento que se afunila na conjuntura em que foi concebido o livreto.
Quanto a esses indícios históricos e avançamento tecnológico
eles estão nos dando pistas do que hoje chamamos de globalização. Quando cita
as grandes navegações e mundialização do comércio nos aponta o início desse
processo onde pensávamos ser um fenômeno recente. Marx e Engels já anunciavam
antecipadamente as consequências e proporções que esses fatos desencadeariam no
modo de vida e nas relações sociais. Mostra como a tecnologia avançou por causa
da expansão econômica dando perspectivas que alimentam o capitalismo e
consequentemente a exploração do proletariado. Em linhas gerais trabalha a
tensão dialética na modernidade e a emergência do mercado mundial.
O segundo capítulo trata exclusivamente da desmistificação
do movimento comunista e a atuação política de seus membros como agentes
disseminador da consciência de classe que deveria se estender por toda Europa e
resto do mundo. Para os autores a classe operária dividida em várias facções
deveriam eliminar as divergências assumindo uma posição unitária para lutarem
por interesses comuns á classe. Entendendo que a ação revolucionária com
aparato necessário capaz criar uma alternativa contra a exploração burguesa.
Nessa parte problematiza o como a exploração da mão-de-obra
e as condições de trabalho repercute em todos os âmbitos da sociedade relações
familiares, educação, cultura e política sejam no campo ou na cidade. Quando a
classe se organiza adequadamente é capaz de adquirir direitos, angariar
proveitos para o grupo ou até mesmo – alguns acham isso utópico – derrotar o
sistema de exploração adotado pelo capitalismo, sistema esse apontado como
desagregador de valores.
O caminho apontado para desestruturação desse sistema
opressor é pela via política através da conquista do espaço pelo poder proletário
através de esforços combinados nesse sentido. Aplicando toda formulação teórica
de forma que adquira uma posição social igualitária como explicitado no
manifesto. Como é mostrado no texto o objetivo é “abolir a individualidade
burguesa, a independência burguesa, a liberdade burguesa”. Dessa forma fazendo
desaparecer segundo seus ideais o antagonismo entre as classes e assim nascendo
o desenvolvimento de uma sociedade onde a condição de todos é livre. A frase
que contempla esse capítulo é “supressão da sociedade privada”.
A discussão é aprofundada no terceiro capítulo onde se
discute a evolução histórica do socialismo: socialismo feudal, socialismo
pequeno-burguês, socialismo alemão, etc. Com desdobramentos explicitando a
temporalidade e espacialidade de cada vertente. Examina essas concepções
rejeitando a ação política de teóricos clássicos que pregavam a revolução por
vias não pacificas. Para os autores a revolução toda vez que uma revolução
utilizou da violência instalou-se um regime de terror. O caminho mais viável
para os autores seria o “exercício da democracia”.
A conclusão reforça a introdução um chamamento para união
uma vez que a classe operária não teria nada a perder, pois somente dessa forma
atingiriam seus objetivos. Naquele contexto o capitalismo tomava ares cada vez
mais opressor e nitidamente separava as classes. Assim uma nova sociedade se
ergueria sobre os alicerces da antiga estrutura.
A leitura do manifesto é uma leitura militante onde delimita
a sociedade de classes, entretanto é preciso para seu entendimento
contextualizar a obra e buscar em suas entrelinhas os saberes para sua
aplicação na atualidade. Algo interessante é que a simplificação das relações
de trabalho apontada pelos autores já não são as mesmas hoje. Por isso devem-se
filtrar as informações através de uma releitura continua com um aprimoramento
intelectual identificando as contradições existentes ao confrontar com a
realidade atual merecendo sempre nosso estudo e reflexão.
REFERÊNCIA
BIBLIOGRÁFICA:
MARX,
K. & ENGELS, F. Manifesto Comunista. Cultura
Brasileira versão em pdf. Disponível em: <www.culturabrasil.pro.br/manifestocomunista.pdf>
Acessado: 03 de setembro de 2012.
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